Os homens costumam dizer que mulheres se envolvem fácil, que não sabem separar sexo de amor, e outros clichês do tipo, sempre em tom de crítica. Só que quando eu, mulher, quero combinar um encontro simplesmente para repetir uma tarde de sexo que valeu a pena, escuto que ele prefere esperar mais um tempo antes de me encontrar de novo, para não correr o risco de se envolver comigo. Se pergunto a opinião de amigos homens sobre o assunto, me explicam que se encontrar de novo na mesma semana é quase sinônimo de se apaixonar, como se fosse um caminho sem volta.
Pois eu me envolvo é quando começo a contar como foi o meu dia, até me acostumar a terminar meus dias com esse relato. Quando peço opinião sobre algum detalhe, como a música nova que tenho escutado. Quando apresento quem convive comigo e, principalmente, quando passo a lembrar da pessoa mesmo sem motivo. Quando penso “ele gostaria disso”, “ele falaria aquilo”. Me envolvo quando compartilho sentimentos não só físicos. Quando converso sobre alegria em vez de tesão, inseguranças em vez de cansaço. Quando o tempo junto deixa de ser somente para sexo e passa a ser dividido também entre carinho e conversa. Enfim, me envolvo quando acontecem todas essas coisas (ou algumas delas), que independem da frequência do sexo.
Nesse caso específico, nada estava caminhando na direção do envolvimento, pelo menos para mim. Minha intenção era simplesmente fazer sexo mais uma vez. Ou várias. Sem precisar seguir nenhum manual com intervalos mínimos, porque não tem nada mais broxante do que regras rígidas para o sexo. Mas não adianta, porque, pelo visto, os homens não sabem separar sexo de amor, acabam se envolvendo fácil, exatamente como gostam de dizer que as mulheres fazem, sempre em tom de crítica.
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Esse texto é muito bom!