Há treze anos, minha primeira filha nasceu e comecei a buscar informações e orientações sobre maternidade e puerpério. Na época, antes da criação das redes sociais, as fontes de informações eram livros, revistas e, no máximo, blogs. Infelizmente, por mais que eu buscasse, não conseguia encontrar muito conteúdo com o qual me identificasse.
Os textos encontrados costumavam trazer regras a serem seguidas, padrões rígidos, enquanto eu enxergava a maternidade de forma mais fluida, personalizada e baseada em vínculos afetivos. Me deparei com a fixação de idades limites para as mais diversas atividades, desde o desfralde até a quantidade de blocos que a criança deveria ser capaz de empilhar, mas segui acreditando que deviam ser respeitadas as particularidades e a velocidade de cada criança.
As orientações sobre amamentação me transmitiam uma imagem de pura responsabilidade e obrigação, apesar da minha crença de que um dos principais benefícios era o fortalecimento do vínculo afetivo. A maternidade era retratada de forma idealizada e perfeita, o que tinha pouca conexão com minha rotina do puerpério, com noites mal dormidas embaladas por um turbilhão de hormônios. Dessa forma, optei por seguir meus instintos e criar minha filha com base no que eu acreditava ser melhor, ainda que não encontrasse muito respaldo nas fontes disponíveis.
Onze anos depois, nasceu minha segunda filha e voltei a procurar referências sobre puerpério e cuidados com crianças pequenas. Para minha surpresa, nas redes sociais encontrei diversas páginas que recomendavam o que eu sempre tinha acreditado e praticado com minha filha mais velha, mencionando criação neurocompatível, educação não violenta, criação com apego e outros termos que até então eu desconhecia.
Saber que eu não era a única com esse ponto de vista me trouxe conforto e o sentimento de pertencimento a uma comunidade de mães, ainda que virtual. Foi como se minha conduta como mãe tivesse sido validada e aceita pela sociedade. Assim, não era mais necessário esconder ou me envergonhar de práticas como a cama compartilhada e a amamentação após a criança completar um ano (que não considero amamentação estendida nem prolongada).
Entretanto, a maioria das fontes com as quais me identifiquei tratava somente (ou principalmente) da maternidade de crianças pequenas, havendo poucas informações sobre a experiência de ser mãe de uma adolescente. Ao buscar conteúdo sobre a criação de adolescentes, grande parte do que encontrei trazia regras a serem seguidas, padrões rígidos, me lembrando do conteúdo que encontrei sobre crianças pequenas quando me tornei mãe pela primeira vez.
Concluo então que ainda temos muito a refletir e amadurecer no que diz respeito à parentalidade de adolescentes. Mais uma vez, opto por seguir meus instintos e criar minha filha com base no que acredito ser melhor, ainda que não encontre muito respaldo nas fontes disponíveis. Espero que daqui a uns anos, esteja difundida a ideia de que nossos adolescentes devem trilhar seus caminhos rumo à vida adulta de forma personalizada e contando com o apoio emocional de seus responsáveis, mais do que cumprindo ritos e atendendo à expectativas.
Disponível em: https://maesqueescrevem.com.br/a-necessidade-de-amadurecimento-dos-responsaveis-por-adolescentes/