Uma vez, numa reunião de pais, a professora perguntou a todos o que cada um buscava para seu filho. Na mesma hora, respondi em voz alta: que seja feliz. E outra pessoa completou: feliz, desde que comportado. A reunião seguiu em frente e passou por outros assuntos, mas essas respostas ficaram ecoando nos meus pensamentos.
É fato que não existe manual para criar os filhos. Então, só resta a cada um, se esforçar para dar o seu melhor nessa missão. Mas essas respostas deixam claro que dar o seu melhor na criação dos filhos pode ter sentidos completamente diferentes para cada um, sem que nenhum seja melhor ou pior do que o outro.
Do meu lado, o foco é a felicidade da criança, em qualquer caminho que ela escolha trilhar. Que ela tenha autoconfiança para acreditar que tudo é possível para ela, para poder escolher o que gosta mais.
Que experimente se afastar dos padrões o suficiente para decidir se quer segui-los ou não, se eles fazem sentido ou não. Que tenha pensamento crítico diante de ordens, que entenda o motivo e a necessidade de obedecer, para que um dia ela consiga dar suas próprias ordens para si mesma e para quem estiver sob seus cuidados.
Que não desista de buscar sua felicidade diante de dificuldades, sabendo que sempre poderá contar comigo, mesmo quando meu apoio significar somente um abraço ou uma palavra de carinho.
Mas apesar de acreditar nesse meu ideal de criar os filhos livres para fazerem suas próprias escolhas, consigo entender o ponto de vista de quem responde que quer que seu filho seja feliz, desde que comportado.
Imagina se a criança fizer escolhas que levam a caminhos difíceis demais, tão difíceis que se afastam da felicidade? Imagina se ela tentar fazer tudo diferente do que comprovadamente dá certo, e assim acabar dando tudo errado? Pior ainda, se a pluralidade de opções levar à desorientação?
A dinâmica onde a criança obedece e se comporta leva a caminhos seguros e já conhecidos. Não priorizar esse comportamento pode ser sinônimo de caminhar rumo ao desconhecido, o que pode causar insegurança nos adultos e medo nas crianças.
Não tenho a menor dúvida de que, cada uma a seu modo, eu e a mãe que deu a outra resposta, nós duas estamos buscando o que acreditamos ser melhor para nossos filhos. Pode ser que nossos pontos de vista tão diferentes levem nossos filhos a consolidarem conceitos diferentes de felicidade.
Nesse caso, as crianças estarão buscando a felicidade, não só de formas diferentes, mas também enxergando formas diferentes de serem felizes. Assim, a pluralidade que enriqueceu essa reunião de pais estará mantida na próxima geração.
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