Maternidade em 2021 – Revista Mães que Escrevem

Quando achei que já sabia tudo sobre ser mãe, que nada poderia ser mais difícil quanto o início da pandemia em 2020, veio 2021 com as consequências de um ano de pandemia, sem que a mesma tivesse sequer terminado para dar uma trégua.

Por um lado, eu esperava estar criando minha segunda filha com o know how de quem já tinha passado por essa experiência. Mas não existe nenhuma semelhança entre criar um bebê no mundo que sempre conheci e criar um bebê que nasceu pouco tempo antes do surgimento do covid-19.

Em 2020, a rotina após o término da minha licença maternidade já havia sido o oposto do que eu tinha feito com minha primeira filha e planejado para a segunda. Eu não tinha voltado a passar os dias fora trabalhando e as creches tinham permanecido fechadas.

Por outro lado, 2020 também tinha bagunçado o inicio da adolescência da minha outra filha. O usual distanciamento dos pais, típico dessa fase, tinha sido substituído pelo confinamento dela em casa comigo.

As descobertas, a importância do pertencimento a um grupo e tudo o mais que costuma acontecer nessa idade, tinha tentado se adaptar ao mundo virtual, como um círculo tentando se encaixar num espaço quadrado.

Em 2021, esse cenário começou a mudar. Houve a reabertura das creches e escolas, iniciamos uma retomada da vida social. Mas os impactos de curtíssimo prazo decorrentes do isolamento social começaram a aparecer tanto para a filha pequena, quanto para a filha grande e, para dizer a verdade, para mim também.

Se no curtíssimo prazo as consequências da pandemia se mostraram tão assustadoras, tenho até medo de pensar em como será no médio e longo prazo.

O fato é que, no inicio de 2021, eu tinha esperança de que esse seria o ano em que a vida de minha família voltaria ao normal. Isso não aconteceu e já me preparo para começar 2022 acreditando que é possível que a vida das minhas filhas nunca seja como sempre considerei normal. Pode ser que minha maternidade no próximo ano seja marcado pelo conformismo e pela desesperança.

Vai ver, a nova variante vai inviabilizar não só as festas de fim de ano e carnaval, mas a festa junina e todos esses momentos divertidos que hoje são rotulados negativamente como aglomerações. Vai ver, as novas gerações vão se acostumar e construir um futuro em que mascaras, distanciamento e medição de temperatura sejam normais, o tal novo-normal. Mas pode ser também um ano que supere minhas baixas expectativas como mãe, o que costuma ser garantia de felicidade. Tomara.

2022 ainda pode ser tudo, ou nada, ou alguma das infinitas opções entre o tudo e o nada. Mas 2021 já teve todas suas chances fatiadas em doze meses, e ficará na lembrança como o ano em que o grau de dificuldade na maternidade seguiu aumentando gradativamente, como num videogame em que cada fase é mais complicada que a anterior.

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